domingo, 30 de junho de 2013

O Estrangulamento

Os acontecimentos paralelos a uma filmagem, são muito e de vario tipos, este do Mstr.Levim, na época foi estressante, mas agora olhando com o distanciamento do tempo, e engraçado, já o que aconteceu durante as filmagens de Ana Terra, por pouco não se tornou uma tragedia.
Estávamos em Cruz Alta a cidade do Erico Veríssimo, em 1971 ainda não havia estrutura na cidade,no hotel que nos hospedamos tínhamos que fazer fila pra poder tomar banho, tudo era muito simples,
a cidade cenográfica ficava a 30km de distancia e para aproveitar a luz bonita da manhã, acordávamos
as 5h, tínhamos ainda que enfrentar uma estrada de terra que quando chovia se atolava e ficava difícil demais, se a chuva durasse mais que um dia, a estrada ficava in trafegável.
Mas chegou o dia que devíamos filmar, a curra que a Ana sofre , o ataque violento dos bandoleiros de fronteira como eram chamado, havia a cena que a Ana acorda depois do desmaio, e o que vê
os pais mortos a casa em chamas e o irmão enforcado, me lembro de olhar para a cara do ator que
fazia o papel e pensar ( caramba! como ele está bem, que interpretação, parece ate que é de verdade!)
o pior é que era: quando se faz uma cena de enforcamento, se coloca uma especie de cinto, como esses que hoje se usa para escalada ou outro esportes perigosos para segurança, a diferença e que te um gancho atrás nas costas na altura do pescoço por onde se coloca a corda que passa pelo pescoço
para parecer que a pessoa está enforcada, só que, apertaram demais esta parte e o ator estava enforcado de verdade, como estava com as mãos amarradas atrás e a corda em volta do pescoço não lhe permitia falar, quando o diretor gritou corta, e foram tirar o rapaz, estava inconsciente e sem pulso,foi um sufoco reanima lo, quase que o pobre morre de verdade.
Por hoje basta, mas vou contar mais 2 episódios que também aconteceram durante as filmagens de
Ana Terra.

beijos

Rossana Ghessa

sexta-feira, 28 de junho de 2013

MINHAS CHANCES DE IR PARA HOLYWOOD ACABARAM NAQUELA MANHÃ... ou QUELE DO PAJEÚ E O TAPA NA COXA – PARTE 2



Sem responder uma palavra, e furiosa de raiva, me levantei e fui para a porta do restaurante pegar um taxi, a Rany veio atrás e fomos embora juntas, estávamos hospedadas no hotel Jaraguar, um que fica ao lado do jornal Estadão, claro que ela tentou me acalmar dizendo que ele estava bêbado e etc.

Tomei um belo banho e fui dormir acreditando que tinha me livrado do grosseirão, mas quase de manhã acordei com alguém esmurrando a minha porta aos gritos: ”- Niña abre la puerta, quiero hablar contigo: “- assustada liguei para a portaria pedindo por favor que tirassem o louco que queria invadir o meu quarto, foi um escândalo, vieram os seguranças e tentaram de todos os jeitos tira-lo da minha porta, mas não conseguiram, então liguei para o quarto da Rany, que veio correndo, dai ela bateu na porta me chamou e disse que ele só queria se despedir, confiante na proteção da querida Rany abri a porta.

Mr.Levim, todo emocionado, pegou as minhas mãos, beijou e disse: “-Quiero darte un regalo para que te recuerdes de mi” e me deu um par de brincos que tenho ate hoje.

Bem...Ele cumpriu a promessa... e o filme foi distribuído no mundo todo, mas as minhas chances de ir para Hollywood acabaram naquela manhã.



PS: peço desculpas aos Hispânicos, não sei escrever o Espanhol corretamente.



Besos



Rossana Ghessa.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

QUELE DO PAJEÚ E O TAPA NA COXA


Alguém me perguntou como foi a bilheteria de QUELÉ DO PAJEÚ, infelizmente não tenho esta resposta, como também não sei qual foi o acordo dos produtores brasileiros com a Columbia, era muito nova, não me ligava nesse tipo de coisa, só sei que era uma superprodução.

Posso lembrar-me da estreia no cinema Roxi, tinha cordão de isolamento com um tapete vermelho até a porta do cinema, com holofotes, fotógrafos, repórteres e tudo o mais que faz parte de um grande acontecimento, tinha tanta gente na frente do cinema, que me senti realmente como uma estrela, mas uma coisa é certa, o filme foi sucesso no mundo inteiro.

Aconteceu uma coisa, que hoje me parece engraçada, mas na época foi horrível, quando me levaram para São Paulo, para um jantar com o Mr.Levim (acho que era esse o nome) o maioral da Columbia estavam também o Anselmo Duarte, o Tarcísio Meira, e a diretora da Columbia no Brasil Rany Rocha, um amor de pessoa! Durante o jantar, sentaram do meu lado o Sr.Levim e do outro lado o Anselmo, que no final já estava meio alto de tanto beber, o Sr.Levim começou a falar dos planos para o filme, e toda vez que queria enfatizar o que dizia dava um tapa na minha coxa, acontece que ele era muito grande e os tapas começaram a deixar a minha perna vermelha (eu estava usado um mini vestido de antílope bem curtinho e botas) num dado momento o meu sangue italiano falou mais alto, me virei pra ele de dedo em riste e disse:“- Se der mais um tapa na minha coxa eu lhe dou um tapa na sua cara!”. Foi um silencio total..., mas em seguida todos tentaram amenizar a situação, menos o Anselmo, que disse logo: ”- Dá porrada nesse f... da p....que eu ajudo!”

Ato continuo, pedi para ir embora, antes que me levantasse Mr.Levim disse: “-Minha dió tengo la giave del sucesso voi mostra tu cara linda en todo el mundo”.

Rossana Ghessa

quarta-feira, 26 de junho de 2013

EU RECOMENDO


Comecei o meu blog falando de cinema, a sétima arte! Um trabalho que exige uma total entrega da parte do interprete, dependendo da personagem que se está interpretando, requer tamanha entrega que a atriz ( no caso aqui: eu) sofre todas as emoções e dissabores, amores e tudo o mais que a personagem sofre, acabei de saber que o filme BEBEL- Garota propaganda foi reapresentado esta semana com um debate no final, com o diretor MAURICIO CAPOVILLA, claro que a razão se deve a todas estas manifestações que vem acontecendo pelo Brasil, o filme por incrível que pareça aborda exatamente todos esses desmandos e crises politicas e econômicas que sempre existiram.

É maravilhoso ver que finalmente as coisas podem mudar para melhor, para os jovens que ainda não viram o filme, eu recomendo, foi o filme que me deu o Premio de Melhor atriz em Brasília.

Você nunca sabe que resultados virão de sua ação, mas se você não fizer nada, não existirão resultados.



Beijjjjjjjjjos



domingo, 23 de junho de 2013

EU em 68

Falando um pouco mais da minha vida...quero contar:( a propósito de todas essas manifestações que vem acontecendo em todo o Pais) um episódio que aconteceu em 1968, no Festival de Pessaro na Itália, onde me encontrava junto com Mauricio Capovilla diretor do filme "BEBEL a Garota Propaganda", o qual representávamos.
Eu era muito jovem, não entendia nada de política, e muito menos o que cada partido representava, mas... o fato é que, estávamos dentro do cinema assistindo um filme Argentino(La Hora delos-ornos) que tinha seis horas de duração, quando deu três horas, nos liberaram para comer, qual não foi a nosso espanto ao ver que a Piazza dell Popolo e as ruas estavam completamente lotadas de gente protestando, fiquei sabendo que o movimento havia começado na França, e rapidamente se alastrou por toda a Europa, eu não estava entendendo nada, só sei que me levaram de volta para dentro do cinema de onde fui retirada por uma janela do banheiro feminino, no segundo andar, foi uma verdadeira aventura, sendo levada por ruelas escuras para não sermos pegos, porque embora eu fizesse parte da Delegação Brasileira o meu passaporte era Italiano, e se a policia me pegasse o Consulado Brasileiro não poderia me defender, fui mantida trancada no hotel até poder viajar para Roma, em segurança, e de lá para a Sardegna para encontrar a minha família.
Ficou a lembrança daqueles jovens, que como os nossos, saíram a rua lutando por um país melhor, com mais justiça social, sem corrupção,mais saúde, educação,cultura, segurança para ir e vir, direito a moradia digna,e principalmente com bandidos presos sem privilégios e sem salários astronômicos para vereadores deputados etc.
Servir a pátria e um privilegio e uma honra e não o caminho para o ELDORADO.

QUANDO AS PESSOAS VÃO ENTENDER QUE QUEM ESTA NO PODER SÃO ELAS.
 ( pense nisso)

Beijos

Rossana Ghessa

sábado, 22 de junho de 2013

Transformando...

Hoje quero me dirigir a vcs, amigas(os), não para falar de mim ou dos meus filmes, e nem da minha
carreira.

Quero falar de algo muito mais importante, desse momento histórico que estou tento o privilegio
de assistir, da coragem dos jovens marchando pelas ruas de todas a cidades Brasileiras reivindicando os seus direitos, de estudar, de ter saúde, de ter emprego, de ter cultura, e tudo mais que constroem um
ser que possa viver um futuro digno e honrado.

Educação não transforma o mundo, educação transforma pessoas, pessoas transformam o mundo!
PAULO FREIRE . Pensem nisso.
beijos


Rossana Ghessa

segunda-feira, 3 de junho de 2013

NA VARANDA, ONDE BATIA UM VENTO DE CORTAR A CARNE...



Caros amigos (as):
Acabei de ler um livro que ao mesmo tempo em que me deu certo conforto, me deu muito para refletir, o livro conta uma historia verdadeira de um homem de 45 anos, editor chefe da revista ele, casado feliz, e que de repente tem um AVC e se torna prisioneiro do próprio corpo, que não tem nenhum movimento, só podendo mover um dos olhos, e foi o quanto bastou para que conseguisse escrever um livro contando todas as suas dores, emoções ao ver as pessoas amadas a sua volta sem que pudesse falar ou mesmo emitir qualquer som.

O livro me transportou para os meses que passei junto a minha irmã Ersilia na Sardegna em 2012, também sofreu um AVC, estava em estado vegetativo, dependendo dos outros para absolutamente tudo, chorei, me desesperei, chamei na esperança de uma reação que não acontecia...Mas às vezes me olhava demoradamente, enquanto eu lhe fazia carinho nas mãos e nos braço e repetia ( Ersilia.. guardami.. sono io tua piccola stella) era assim que minha irmã Ersilia me chamava quando eu era pequena, e ela uma linda moça cheia de vida e sonhos, era para mim como a segunda mãe, foi ela que numa noite de inverno gelado ficou passeando comigo no colo, na varanda onde batia um vento de cortar a carne, de tão gelado, ate eu adormecer, era o único lugar onde a dor das queimaduras melhoravam, eu tinha caído de cabeça dentro da lareira, queimei as mãos e os braços, mas os remédios não diminuíam a dor, também penteava os meus cabelos e cuidava de mim, me vestia de anjo para sair na procissão de corpos cristo.

Depois de ter lido este livro, quero acreditar que ela me entendia, e que recebeu todo o amor e carinho que lhe dediquei.

Peço desculpas por hoje não estar falando de cinema, mas de amor real, que é o tesouro mais precioso, além da saúde e claro, se me permitem um conselho.... Distribuam amor, não só para os seus familiares, mas na vida, não custa nada é pode mudar o mundo.



Beijos


Rossana Ghessa