sexta-feira, 20 de junho de 2014

NAS TERRAS DO XÁ...PUREZA PROIBIDA



Voltando  a  Teerã,  a  delegação  brasileira  foi  hospedada  no  Hotel  Hilton, da  sacada  do  meu  quarto  dava  pra  ver  uma  montanha  toda  coberta  de  neve, mas o estranho  e  que  não  sentia  frio,  isso  se  devia  ao  clima  muito  seco, era  recomendado  beber  muita  agua , pendurei  as  roupas  e  separei  a  que  iria  usar  de  noite  para  o  jantar,   estava  toda  amassada,  então  chamei  a  camareira  para  passar  a  minha  roupa,
Alguém  bateu  a  porta  e  era  a  própria, dei-lhe  o  vestido  recomendando  que  tomasse  cuidado  porque  o  tecido  era  delicado e  poderia  queimar,  ela  me  olhou  com  uma  carinha  sorridente  inclinou-se  como que  fazendo  uma  reverencia  e  respondeu-me : Bale-bale,  não entendi  e  respondi,  não  quero  que  baile  quero   que  passe  a  minha  roupa,  e  ela  insistia  no  bale-bale......demorei  para  entender   que  bale  queria  dizer  sim.
O jantar  a  que  me  referi   ainda  não  era  a  abertura  oficial  do  Festival,  que  seria  no  dia  seguinte,  com autoridades,  sociedade, estudantes   de  Universidades  e  etc.,  nessa  época  com  o Xá Reza Parlev   Teerã   era  uma  cidade  moderna  e  prospera,  com  uma  vida  cultural  bastante  ativa,  e  uma  juventude  universitária  moderna  e  bem  vestida  como qualquer  grande  cidade  do mundo.
No dia seguinte nos  levaram  para  o  Palácio  do  Festival , para  que  pudéssemos  arrumar  a  apresentação  dos  filme,  colocando  cartazes  e  fotos  dos  mesmos  em  exposição,  logo  que  entrei  vi  uma  parede  toda  branca,  bem  apropriada  para  que  eu  expusesse  o  material  de PUREZA  PROIBIDA,  mas  precisava  de  ajuda,  então  vi  o  Sr. ZIGMUD  SULISTROSK,  que se ofereceu de imediato   a  sua  ajuda,  mas  sendo  a parede  muito  alta  era  preciso  uma  escada  para  que  a estética  da  exposição  não  ficasse  comprometida,  como  ele  era  gordo   achei  arriscado  deixar  que  subisse  na  escada, decidi  eu  mesma  subir .
Eu estava  me  preparando   para  colar  na  parede  o  cartaz  de  PUREZA  PROIBIDA ,   mas  a  escada  não  era   cumprida  o  bastante  para  atingir  o  lugar  exato  que  eu  pretendia. Estava  eu  toda  esticada ,  na  ponta  dos  pés  quando  ouvi  uma  voz:   “ You   need  help?” , olhei  para   baixo  e  tinha  um  belo  rapaz  elegantemente  vestido  olhando  a  minha  bunda  e  pernas  e  me  oferecendo   ajuda, ( não sei  se  foi  por  entender  que  eu  corria  o risco  de  cair  da  escada,  ou  pela  visão  que  ele  tinha  embaixo  da  escada?)   em  todo  caso  já  que  alguém  se  oferecia  pra  me  ajudar ...  Decidi  que  era  melhor  aceitar,  além  do  mais  ele  era  bem  mais  forte  e  alto  do  que  eu.
Cartaz  e  fotos  no  lugar!    Apreciamos  o  trabalho  concluído  juntos  eu  agradeci  e  naturalmente  ele  se  apresentou: Mtr. Jhon Regabí,  o  Sulistrovsk   que  não  se  afastou  um  só  minuto, foi  a  minha  salvação,  sim... o meu  inglês  e  sofrível  acho   mesmo  que  ninguém  entende  de tão  ruím  e  claro  que  meu  amigo  Zigmud  teve  que  servir  de  tradutor,  eu  já  estava  virando de  costas  para  me  afastar  mas  me  chamaram  de  volta,  o Mtr. Jhon , acabava  de  nos  convidar  para  almoçar  fora  do  palácio  do  festival,  sugerindo  nos  mostrar  um  pouco  da  cidade,  que  alias  achei  encantadora,  moderna,  limpíssima  sem  mendigos   na  rua ,  moças  jovens  bonitas  com  roupas  modernas   não  fazendo  nenhuma  diferença  com as  outras  capitais  do mundo  que  eu  conhecia,  claro  que  avia  também  aquelas  tradicionais  com  suas  burkas,  mas  principalmente  uma  juventude   de  universitários   alegres  e  participativos .
O  resto  dos  dias  que  passei  em  Teerã   o  Sr. Regabí  não  me  largou  mais  se  oferecendo  pra  me  levar  em  seu  mercedes  para  todos  os  lugares  e  compromissos  que  eu  tinha  que  comparecer, passou  praticamente  a  me  servir  de  chofer,  disse-me  o  Sigmund  que  ele  era  o  maior  dono  de  cinemas  e  distribuidor  de  filmes  do  Iram,  mas  cinceramente  isso  pra  mim  nunca  fez  qualquer  diferença,   o  que  sempre  apreciei  numa  pessoa   e  valorizo  sempre  e  a  lisura  de  caráter,  o  resto  e  só  dinheiro,  não  e  e  jamais  será  garantia  de  felicidade,....mas  filosofias  a  parte,  afora  tudo  ele  era  uma  pessoa  agradável  e  delicado  além  de  uma  companhia  alegre  e  divertido,  embora  a  nossa  comunicação complicada  nos entendíamos.
O  Xá   dava  duas  recepções  no  palácio  para  poder  dividir  os  convidados  e  assim  ficar  mais  tranquilo,  eu  fui  a  única  da  delegação  brasileira   a  ser  convidada   as  duas  vezes,  acredito  que  ainda  por  conta  de  Luciula  que  tinham  visto  no  ano  anterior. Numa  das  vezes   estava  presente  também  o  nosso  ministro  das  finanças  Mario  Henrique  Simonsen,  que  quando  me  foi  apresentado   já  estava  pra  lá  de  Bagdá.
O  Xá  e  sua  Farah  Diba  que  alias  era  linda   receberam  com  muito  luxo  e  elegância  as  bandejas  eram  de  ouro  cravejadas  de  pedras  preciosas ,  era  inacreditável ,  parecia  coisa  das  mil  e  uma  noite.  Na  Ìndia  no  palácio  da  Indira  Ghandi  também  o  luxo   foi igual  a  única   diferença  e  que  na  Índia  se  podia  ver  a  pobreza,  aqui  não.