segunda-feira, 11 de agosto de 2014

MOMENTOS DE PRAZER E AGONIA - Argumentei que eu não queria nada que não estivesse no roteiro, ou ele estaria demitido.


Em outra  ocasião, ANTONY STEFFEM  perturbou tanto  o  diretor “ ADNOR PITANGA”  que quase o  levou a loucura,  a  historia  era  de  suspense, em  que  varias  alunas  da  professora  Lucia (minha personagem) apareciam  mortas  inexplicavelmente, e  a  policia  estava  tendo  dificuldades  para  esclarecer  os  assassinato,  visto  que  era  uma  cidadezinha  interiorana  e  pacata  onde nada acontecia,  a  única  criatura  estranha  na  cidade  era  o  personagem  dele,  mas  por  se  tratar  do  homem  mais rico  da  cidade  mesmo sendo  excêntrico  e esquisito  o mantinham fora de suspeita.
Mas sendo ele uma estrela internacional, certamente se achou no direito de ditar as regras e então fazendo a cabeça do diretor tentava mudar o roteiro ao seu favor, tinha uma cena noturna que a professora depois de encontrar mais  uma de suas alunas  morta  em  sua banheira, apavorada tenta ligar para a policia  mas não da tempo porque percebe  que o assassino ainda se encontra  em  seu  quarto, reconhecendo o noivo,  sai correndo e consegue sair tendo que atravessar o jardim, num dado momento para em baixo de uma arvore tentando se esconder, mas percebe que tem que continuar a correr para salvar a própria vida.
Está seria a cena a ser rodada, mas ai o diretor vira pra mim e diz:  Rossana  quando você parar em baixo da arvore um braço inerte vai bater na tua cabeça e vai  escorrer  sangue  sujando o teu ombro e braço. Como assim? Perguntei... - É que em cima da arvore tem mais um corpo de outra  morta... - Mas isto não está no roteiro, e não tem porque esta garota ter sido morta  pelo psicopata, se nem aluna da professora era,  ele só mata as meninas de ciúmes da noiva.
A justificativa que ambos tentaram me convencer foi que no filme (A ERA DO FOGO) tinha uma cena onde tinham corpos pendurados nas arvores e dava um efeito legal. Para convencer o Adnor (diretor do filme), que não podia fazer isso foi uma briga desgastante e cansativa. Argumentei que eu não queria nada que não estivesse no roteiro, ou ele estaria demitido.
Em outra ocasião foi o maquiador que veio fazer queixa da “baronesa”... - Mas quem é a baronesa? - É o Antony, respondeu o maquiador. - Eu acabo a maquiagem e ele vai escondido no banheiro e passa lápis preto nos olhos e rímel, fui chamar atenção e me deu uma tremenda de uma bronca, querendo me convencer que eu estava enganado, que era tudo natural, vai comprometer a minha maquiagem e ridicularizar o personagem.
Tive que fazer um verdadeiro trabalho diplomático para não ofender a dignidade do ator e convence-lo a suavizar a maquiagem, pois realmente estava exagerada fora de contexto.
Este relato é mais para tentar ilustrar que não adianta ser estrela internacional ou nacional se não se respeita os colegas de profissão, numa filmagem e necessário uma equipe, e esta equipe tem que trabalhar em harmonia um respeitando o outro e se ajudando quando possível, e não sabotando o outro, é muito cansativo atuar e produzir ao mesmo tempo, só com muito amor a arte, isto sempre tive e tenho de sobra, e mais uma vez consegui terminar um filme, que depois de pronto e como um filho que nasce.

Quero terminar este meu relato homenageando ANTONY STEFFEN que apesar dos seus medos e esquisitices foi perfeito para o seu personagem, em memoria o meu muito obrigada.

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